quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

BBB E UM PAÍS DE BURROS

BBB - para pensar29 milhões de ligações telefônicas do povo brasileiro votando em algum candidato para ser eliminado do programa Big Brother Brasil da rede Globo ontem (08/02). Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$0,30. Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil reais que o povo brasileiro gastou, só nesse paredão.Suponhamos que a Rede Globo tenha feito um contrato "fifty to fifty" com a operadora do 0300, ou seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00. Repito, somente em um único paredão...". Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas. Mas o "x" da questão, caro leitor, não é esse.É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em n ada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, consequentemente, aqueles que só bebem nessa fonte.Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações. Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro. Nem a Unicef, quando faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro. Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho dúvidas se daria audiência. Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência. A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o público não se interessaria.

Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição. Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto. Que eleitor é esse? Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc. Quem os colocou lá? Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um Severino não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara de pau, digo, a grande idéia dele de colocar em votação um aumento salarial absurdo a ser pago pelo contribuinte. Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir (?!?!), ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante para melhorar a articulação e a autocrítica...Chega de buscar explicações sociais, coloniais, educacionais.Chega de culpar as elites, os políticos, o Congresso...Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o umbigo do Brasil.Chega de procurar desculpas quando a resposta está em nós mesmos.A Rede Globo sabe muito bem disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e assemelhadas sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão também; os gurus e xamãs da auto-ajuda idem. Não é maldade nem desabafo, é constatação.O Povo brasileiro está passando atestado de abobalhado!
ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE MEU IRMÃO FILIPE MARANHÃO.

Um comentário:

Rômulo Souza disse...

"O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o público não se interessaria."


Destaquei a frase que mais me assustou...Ela demonstra o que aconteceu em nosso dia a dia. Pensar não é mais necessário. O importante é bisbilhotar a vida alheia e achar que conhecemos qualquer pessoa de modo superficial. Afinal, é através de processos lentos como o diálogo (através do logos [pensamento]) que coseguimos conhecer novas pessoas e a sua "bagagem de vida". Ao mesmo tempo, sofremos o fenômeno do rótulo de "quem pensa, não vive". Isso parece ser besta, mas já ouvi muita gente dizer que devia viver mais ao invés de estudar..haha Como se não vivesse e como se essa pessoa soubesse o que faço 24 horas por dia. Engraçado isso. Mas texto muito interessante do seu amigo Maranhão..me fez até escrever um monte de baboseiras...rs

um abraço