segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Lux luxo

Hoje, lembrei da minha adolescência no colégio público perto de minha casa. Sim, apesar de não precisar, a família Kestera quis que o seu filho entendêsse o mundo simples e verdadeiro da vida. Meu pai dizia que não seria numa instituição paga em que encontraria os valores "corretos" da vida. E que lá as aparências não valeriam mais do que o ser. Queria, no entanto, que ele conhecêsse a Livia.
A Livia era uma das garotas mais desejadas do colégio. Era linda, educada e era modelo da Elite, uma das agências de moda mais conhecidas do Rio de Janeiro. Todos viviam falando naquela garota que queria ser médica.
Já o playboy aqui não era nem terça parte do conquistador de hoje. A minha timidez dava muita pena. Ainda pensava nos conceitos que o velho tinha passado pra mim. "Filho, os seus novos colegas irão lhe ensinar que o dinheiro não compra nada, além de imagem, dizia ele com um olhar sério.
E lá estava eu. Certo dia, encontrei uma reportagem no "extra" com a foto de Livia e aquela enaltecia os dotes da moça como uma modelo de futuro promissor.
Recortei aquilo e comecei a conversar com ela em sala. Foi um momento mágico. Aqueles olhos verdes mostravam interesse no que o jovem Solo, o mais feio e tímido do segundo ano, dizia.
Era o "cara". Os dias, então, não eram mais os mesmos. Uma gostosa "de parar o trânsito" me dando mole? Naquela época era impossível, mas algo acabou de vez com a minha felicidade.
Outro dia, um colega meu falou que eu era devagar e que deveria ter "pego" a Livia. Foi a primeira vez que ouvi aquela expressão comum em nossos dias.
Chegeui a falar pra ele: "Tá louco, você não respeita a moça?" Daí, ele esperou o meu sermão para falar com grande ironia:
_ A Livia? É o maior sabonete do Colégio!
Enquanto ele ria, tentava fingir que não entendia a expressão. O meu mundo ruiu e estava apaixonado por um "lux luxo" de marca maior. Isso, então, se agravou quando este mesmo cara me falou sobre a sua paquera com ela.
Fui desolado para casa e comecei a entender o que o velho tinha dito. As aparências nos enganam, mas precisamos ter personalidade para que os enganos diminuam cada vez mais.
Confirmei isso neste ano mesmo, quando encontrei a Livia no Shopping. Ela nem lembrava o meu nome. E pensar que ela ficava horas conversando comigo e me mandando indiretas. O Solo era apenas mais um. Isso assusta demais. Os relacionamentos virarem jogos em que há vencedores e perdedores. Ninguém mais pensa em conhecer o outro e ouvir um pouco mais. Sentimentos só nascem por respeito mútuo e convívio. Não a partir dessa competição louca que privilegia o ter em vez do ser.

2 comentários:

Rômulo Souza disse...

Nem parece o Solo que conheço..haha Que bom, o pessoal tá animado..Em breve, vou escrever aqui tb..

Solo Kestera disse...

Isso. Zoa o amigo! Ainda sou um cara "romanticu". kkk Só falta tu mané..