sexta-feira, 30 de novembro de 2007

alice sem coelho, sofia sem alberto, ofélia sem fauno e amelie sem nino

O clichê está em dizer “nossa, O Labirinto do Fauno é um conto de fadas”. Sim, é. Entretanto não quero me ater ao óbvio! De óbvio já basta minha cara de choro e pedindo bis quando o filme terminou. O filme deve muito a mente fabulosa de Guillermo Del Toro. Que o cara é fera, todos sabemos. Basta lembrar do HellBoy que ficou fiel ao HQ. De todo certo não quero creditar apenas Del Toro, afinal a equipe do filme é muito boa.

Não estou falando desse filme em vão, mas sim porque ontem assisti O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (com essa já são 463 mil vezes de reprise). Rá. E esses são os meus dois filmes favoritos. E percebo semelhanças gritantes entre os filmes e dos filmes comigo, obviamente.

Ofélia e Amelie têm um pouco das duas e muito de mim. Aqueles cabelos curtos (em ambas) remetem a minha infância de cabelo chanel e imaginação fértil. Ofélia não tem pai, mas tem mãe. Embora essa a reprima (involuntariamente) em detrimento do padrasto autoritário (e rico). Vendo-se coagida pelo destino à imaginação da menina ganha asas. Não ousaria dizer que são apenas devaneios. Afinal, a realidade não é aquilo que se toca ou vê, mas sim o que se sente. E Ofélia sente. Sente muito. Em todos os sentidos de sentir.

Já Amelie não teve contato com outras crianças em sua infância. (Se repararmos, aquela cara popular dela – de desconforto – vem disso: ela ainda não sabe como se relacionar com os outros) Mas aí ela começa a trabalhar em um café e tem de se relacionar, querendo ou não. É destino mesmo. Quando ela acha a caixa e quer devolver ao dono o locutor diz: - Ela resolveu devolver a caixa. Se o dono se emocionasse ela passaria a resolver a vida das pessoas. Se não, ela deixaria pra lá. Ou seja, ela deu sorte de ele se emocionar. E nessa busca pelo dono ela passou a conversar com os vizinhos, os quais nunca tinha visto. Amelie ama Nino. Amelie quer Nino porque é seu primeiro contato com alguém. Nino quer Amelie porque todos seus contatos com alguém foram frustrados. Aquela cena do beijo no canto da boca, no pescoço e no olho (e que eu choro muito) é clássica: eles estão se reconhecendo. Conheceram-se através daquele jogo de gato e rato e ali estão se reconhecendo.

A semiótica dos filmes me encanta. A partir disso eu vejo até o que o diretor não colocou ali. Isso é bom. Conceitual. Ou seja, a melhor semiótica é aquelas que olhos conseguem ver. E a melhor Amelie ou Ofélia é aquela que eu posso ser.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A REALIDADE QUE ELIMINA O REFERENTE

A palavra que reencontra outra palavra
E forma uma representação
Uma representação visual
Gerando uma compreensão além do real

A imagem dissuasiva e subliminar
Que encanta, promete e ilude
É a imagem especular
Onde o individuo vai se consumar

Nessa profusão da palavra que se torna imagem
A sociedade vai caminhando
Consumindo e se esgotando
Pela materialidade imagética freqüente

As imagens que mitificam o mundo
Causando a decadência do presente
Pela ascensão dos simulacrosQue eliminam o referente

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Lux luxo

Hoje, lembrei da minha adolescência no colégio público perto de minha casa. Sim, apesar de não precisar, a família Kestera quis que o seu filho entendêsse o mundo simples e verdadeiro da vida. Meu pai dizia que não seria numa instituição paga em que encontraria os valores "corretos" da vida. E que lá as aparências não valeriam mais do que o ser. Queria, no entanto, que ele conhecêsse a Livia.
A Livia era uma das garotas mais desejadas do colégio. Era linda, educada e era modelo da Elite, uma das agências de moda mais conhecidas do Rio de Janeiro. Todos viviam falando naquela garota que queria ser médica.
Já o playboy aqui não era nem terça parte do conquistador de hoje. A minha timidez dava muita pena. Ainda pensava nos conceitos que o velho tinha passado pra mim. "Filho, os seus novos colegas irão lhe ensinar que o dinheiro não compra nada, além de imagem, dizia ele com um olhar sério.
E lá estava eu. Certo dia, encontrei uma reportagem no "extra" com a foto de Livia e aquela enaltecia os dotes da moça como uma modelo de futuro promissor.
Recortei aquilo e comecei a conversar com ela em sala. Foi um momento mágico. Aqueles olhos verdes mostravam interesse no que o jovem Solo, o mais feio e tímido do segundo ano, dizia.
Era o "cara". Os dias, então, não eram mais os mesmos. Uma gostosa "de parar o trânsito" me dando mole? Naquela época era impossível, mas algo acabou de vez com a minha felicidade.
Outro dia, um colega meu falou que eu era devagar e que deveria ter "pego" a Livia. Foi a primeira vez que ouvi aquela expressão comum em nossos dias.
Chegeui a falar pra ele: "Tá louco, você não respeita a moça?" Daí, ele esperou o meu sermão para falar com grande ironia:
_ A Livia? É o maior sabonete do Colégio!
Enquanto ele ria, tentava fingir que não entendia a expressão. O meu mundo ruiu e estava apaixonado por um "lux luxo" de marca maior. Isso, então, se agravou quando este mesmo cara me falou sobre a sua paquera com ela.
Fui desolado para casa e comecei a entender o que o velho tinha dito. As aparências nos enganam, mas precisamos ter personalidade para que os enganos diminuam cada vez mais.
Confirmei isso neste ano mesmo, quando encontrei a Livia no Shopping. Ela nem lembrava o meu nome. E pensar que ela ficava horas conversando comigo e me mandando indiretas. O Solo era apenas mais um. Isso assusta demais. Os relacionamentos virarem jogos em que há vencedores e perdedores. Ninguém mais pensa em conhecer o outro e ouvir um pouco mais. Sentimentos só nascem por respeito mútuo e convívio. Não a partir dessa competição louca que privilegia o ter em vez do ser.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Nosso blog

Pela primeira vez, começo a escrever nesse blog. O antigo já não cabia em mim e precisava compartilhar as minhas reflexões (muito pessoais) com outras pessoas mais lúcidas do que eu. Sim, porque não há ninguém mais louco do que eu. Descobri isso quando comecei a esquecer um pouco do meu português durante o período de alemão..
Também não tenho mais paciência de guardar as palavras comigo. A vida se constrói através da individuação obtida no convívio social. Frase bonita né? Mas pensei nela agora. E esse é um outro objetivo desse espaço.
Quero que todos soltem a sua imaginação, mesmo sabendo que as regras gramaticais são as imperativas numa sociedade que absolve qualquer canalha que consiga dominá-las bem. E o amor (como diriam as torcidas organizadas) acabou! Isso é artigo de luxo pra poucos. Embora ainda existam muitos profissionais preocupados com o poder que a palavra pode gerar.
As poesias, os contos, os romances só são belos quando o escritor consegue escrevê-los com entusiasmo. E isso que dizer que o material mais valioso, ainda que muitos possam discordar, é o manuscrito. Aquilo que surgiu das mãos do autor em um momento em que ele nem esperava. Ou seja, a vida. Claro que depois tudo se ajeita, mas aí é outra história. Enfim, não me sinto capaz agora de continuar..até porque estou voltando a escrever aos poucos. Vida longa ao nosso blog.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Solo..parte 1...monológo em Ingrixi

I stay here. My mind say me: Go out, go out! I can write about Brazil. This land is my dream. And my english doesn't help me. But we speak portuguese in Brazil, no? You will ask me. É mio tentá o protugês memo.